Arquivo mensal março 2019

150 anos do desencarne de Kardec

Allan Kardec foi o pseudônimo adotado pelo professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, nascido em 3 de outubro de 1804, em Lyon, na França. Ele realizou a tarefa missionária de codificar, isto é, apresentar em livros, metódica, didática e logicamente organizados, comentados e explicados, os postulados da Doutrina Espírita. Desencarnou no dia 31 de março de 1869 em Paris, França.

Leia a biografia completa: https://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/06/Allan-Kardec.pdf

Nascimento de Batuíra

Antônio Gonçalves da Silva (Batuíra) veio para o Brasil com aproximadamente 11 anos de idade. Foi agente exclusivo da revista Reformador, função de que se encarregou até 1899/ 1900. Batuíra fundou grupos e centros espíritas em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Com outros confrades constituiu a União Espírita do Estado de São Paulo.

BATUÍRA
Nasceu Batuíra aos 19 de Março de 1839, em Portugal, na freguesia de Águas Santas, hoje integrada no conselho de Maia. Filho de humildes camponeses, tendo apenas completado a instrução primária, veio, com cerca de 11 anos de idade, para o Brasil, aportando na Guanabara a 3 de Janeiro de 1.850.
Durante três anos trabalhou no comércio da Corte. Daí passou para Campinas-SP, onde ficou por algum tempo até que se transferiu definitivamente para a capital paulista, que na ocasião deveria possuir menos de 30.000 habitantes. Aí, nos primeiros anos, foi distribuidor do “Correio Paulistano”. Naquele tempo, não havia bancas de jornais nos lugares públicos. A entrega se fazia à tarde, de casa em casa, e tão somente aos assinantes.
Diligente, honesto e espírito dócil, Batuíra, como entregador de jornais, ia formando amigos e admiradores em toda parte. Parece que neste período que aprendeu a arte tipográfica, certamente nas próprias oficinas do “Correio Paulistano”.
Batuíra, muito ativo, correndo daqui para acolá, foi apelidado “o batuíra”, nome que o povo dava à narceja, ave pernalta, muito ligeira, de vôo rápido, que frequentava os charcos na várzea formada, no atual Parque D. Pedro II, pelos transbordamentos do Rio Tamanduateí. O nome do rapazinho era ANTONIO GONÇALVES DA SILVA, mas, de então em diante, tomou para si o apelido de BATUÍRA.
Dentro de pouco tempo, com as economias que reuniu, e naturalmente com o auxilio de pessoas amigas, montou um teatrinho nos fundos de uma taverna da rua Cruz Preta. Naquela modesta casa de espetáculos, muitos amadores fizeram sua estréia, inclusive Batuíra.
Perseverando na sua faina, dedicou-se depois à fabricação de charutos. Assim, com bastante trabalho e economia, Batuíra fazia crescer suas modestas finanças, o que lhe permitiu esposar a Srta. BRANDINA MARIA DE JESUS, de quem teve um filho, JOAQUIM GONÇALVES BATUÍRA, que veio a falecer depois de homem feito e casado.
Audaz como os grandes empreendedores o são, investiu seu dinheiro na compra de áreas desvalorizadas, iniciando a construção de pequenas casas para alugar, tornando-se assim um abastado proprietário, cujos haveres traduziam o fruto de muitos anos de trabalho árduo e honrado, unido a uma perseverança inquebrantável.
Na ocasião em que tudo parecia correr bem, falece, quase repentinamente, o filho único de sua Segunda esposa, D. MARIA DA DORES COUTINHO E SILVA. Era uma criança de doze anos, por quem o casal se extremava em dedicação e carinho. Este golpe feriu profundamente aquele lar, que só pode encontrar lenitivo à dor na consoladora Doutrina dos Espíritos.
Tão grande foi a paz que o Espiritismo lhes infundiu, que Batuíra imediatamente pôs mãos à obra, no desejo ardente de que outros companheiros de labutas terrenas tivessem conhecimento daquela abençoada fonte de esperanças novas.
E dentro daquele corpo baixo e de compleição robusta, um coração de ouro iria dar mais larga expansão aos seus nobres sentimentos de amor ao próximo.
No ano de 1.889, Batuíra passou a ser, na cidade de S. Paulo, o agente exclusivo do “Reformador”, função de que se encarregou até 1.899 ou 1.900.
No dia 6 de Abril de 1.890, restabeleceu o Grupo Espírita Verdade e luz que havia muito “se achava adormecido”.
Adquiriu então uma pequena tipografia, destinada a divulgação e propagação do Espiritismo, editando a publicação quinzenal chamada “Verdade e Luz”, que atingiu no ano de l.897, a marca de 15.000 exemplares.
Batuíra era também médium curador, sendo centenas as curas de caráter físico e espiritual que obtinha ministrando água efluviada ou aplicando “passes magnéticos”.
Em virtude de todos esses fatos, o povo, o mais beneficiado por Batuíra, passou a denominá-lo “Médico dos Pobres”, cognome que igualmente aureolou o nome de Adolfo Bezerra de Menezes.
A ação benemérita de Batuíra não se circunscrevia, entretanto a estas manifestações da caridade cristã. Foi muito mais além. Criou ele Grupos e Centros espíritas em S. Paulo, Minas Gerais, Estado do Rio, os quais animava e assistia; realizou conferências sobre diversos temas doutrinários, em inúmeras cidades de vários Estados, ocasião em que também visitava e curava irmãos sofredores; espalhou gratuitamente prospectos e folhetos de propaganda do Espiritismo, por ele próprio impressos, e distribuiu milhares de livros pelo interior do País.
Batuíra, unido a outros confrades ilustres, constituiu na capital paulista, a 24 de Maio de 1.908, a “União Espírita do Estado de S. Paulo”, que federaria todos os Centros e Grupos existentes no Estado.
Assim era o valoroso obreiro da Terceira Revelação, o incansável lidador que nunca se deixou abater pelas asperezas da jornada, tendo sido incontestavelmente um dos maiores propagandistas do Espiritismo no Brasil.
Carregando sobre os ombros muitas responsabilidades, não sentiu, tão preso se achava ao cumprimento dos seus deveres, que suas forças vitais se esgotavam rapidamente. Súbita enfermidade assalta-lhe o corpo e zombando de todos os recursos médicos, em poucos dias obriga-o a transpor as aduanas do além. Aos 22 de Janeiro de 1.909, Sexta-feira, cerca de uma hora da madrugada, faleceu Sr. ANTÔNIO GONÇALVES DA SILVA BATUÍRA.
Fonte: WANTUIL, Zêus. Grandes Espíritas do Brasil. FEB, 1ª edição. RJ

Alerta, por Divaldo Franco

Vivemos dias muito difíceis e desafiadores para o comportamento ético. Uma onda de loucura varre a sociedade que parece haver perdido o rumo. Agressividade e angústia são os efeitos do desconforto moral que assola, como insatisfação e desconfiança.
Os distúrbios morais e condutas alucinadas tornam-se efeitos imediatos do vazio existencial, que domina o mundo intelectualizado e sob o controle da tecnologia de ponta.
As notícias velozes apresentam maior índice de desespero e crime, de descontrole comportamental que portadoras de esperanças apaziguadoras. A cada instante estoura um escândalo mais perturbador do que aquele que o precedeu.
A visão do futuro é pessimista e a necessidade de gozar de imediato é cada vez mais imposta pelas circunstâncias aziagas.
Pergunta-se o que está acontecendo com a criatura humana? Quais os valores éticos que podem servir de sustentação íntima, neste momento de indecisões e aventuras?
O ser humano é algo mais do que a argamassa celular, e enquanto a conduta materialista domine-lhe o pensamento, somente lhe são válidos o prazer sensual, hedonista e o exibicionismo egoico, mediante os quais se apresenta, ocultando os conflitos que o atormentam.
Ninguém consegue ser pleno, enquanto esteja sob a constrição narcisista que o afasta da convivência social ou propele-o com propósito exibicionista.
Faz-se necessária reflexão em torno do sentido da vida, que tem caráter de imortalidade.
Embora os esforços contrários do materialismo e do utilitarismo, o ser é indestrutível, tornando-se fundamental a sua conduta intelecto-moral durante a jornada terrestre.
Os fatos imortalistas são comprovados amiúdo em toda parte, demonstrando a grandeza da vida e o sentido existencial.
A nova é a mesma ética platônica a respeito do dever retamente cumprido, que faculta a consciência de paz e a solidariedade como forma digna de sobrevivência.
Ninguém consegue ser feliz isolado, tampouco no tumulto das paixões asselvajadas.
A evolução antropológica vem erguendo o ser humano das exclusivas manifestações dos instintos primários para as experiências da emoção superior, à medida que avança com a tecnologia para a condição de homus virtualis, no qual praticamente nos encontramos.
Mesmo os indivíduos que não têm formação espiritualista ou não a desejam, faz-se-lhes urgente a mudança de conduta em forma de equilíbrio e respeito à vida nas suas diversas expressões, como manifestação de cultura e de sabedoria.
A vida humana é o período evolutivo mais nobre do processo evolutivo, que não lhe constitui etapa final.
O nosso alerta baseia-se na experiência do equilíbrio moral e comportamental, construindo uma sociedade pacífica e edificante.
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, de 7 de fevereiro de 2019.