Artigo publicado em 18/12/2017 no site da Federação Espírita Brasileira (FEB)
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Agora é moda. Ou seria modismo?!…
O novo é inovador, transformador. Assim é a Boa-Nova, a mensagem do Evangelho de Jesus, oportuna. O Espiritismo também é sempre atual em seu conteúdo.
Ao contrário, o modismo vem e passa, alardeia e some, confunde e desaparece… É comum surgir uma ou outra “novidade” que pretende revolucionar o mundo, como se a roda fosse descoberta a cada momento!
As informações são veiculadas a mancheias e surgem de inúmeros lugares e de replicadores, sem que se saiba ao certo a fonte original. Muito menos se consegue verificar a originalidade ou fidelidade da informação: verdadeira ou falsa?
Um princípio básico do jornalismo é que a fonte deve ser inúmeras vezes checada, conferida, antes de a matéria ser publicada, para se ter certeza de sua origem e autenticidade.
Hoje se fala tudo sobre qualquer coisa, sem nenhum compromisso com o conteúdo, fatos e pessoas. Interessa mais o furo, ser o primeiro a disseminar a novidade. A pressa em compartilhar, postar, divulgar é impressionante e lamentável.
Já ouviram falar em fake news, as tais notícias falsas? Agora, todo mundo está falando sobre isso, no Brasil e no mundo inteiro. Se você não sabe o que é, fique antenado, pois isso é a febre contagiante dos tempos líquidos em que vivemos.
Fala-se o que não se deve, espalha-se o que não se poderia. Notícias falsas, informações incompletas, dados manipulados, meias-verdades, polêmicas, tendenciosidades, extremismos, formação de opiniões…
O que está por detrás da divulgação de mensagens ou notícias falsas? Enganar, iludir, apenas se divertir?!…
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O Evangelho de Jesus e o Espiritismo têm algo a ver com tudo isso?
Nada melhor que os próprios autores responderem. O que parece novo, não é tão novo assim. Isso porque falsas notícias, inverdades sempre existiram. É que agora, com o poder de impulsão pelas redes sociais, tudo parece ser instantâneo, em tempo real, e a acessibilidade às informações está cada vez mais fácil na sociedade pós-moderna da informação, da ciência e da tecnologia em que estamos imersos.
O cuidado com o trato das fake news não é de agora. Jesus e o Espiritismo já nos apontam como nos comportar diante de tais situações. Vamos conferir algumas expressões que alertam sobre o assunto:
1) Não acrediteis em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus, porque são muitos os falsos profetas, que se levantaram no mundo (João, Epístola I, cap. 4: 1).
2) A boca fala do que está cheio o coração (Lucas, 12: 34).
3) Guardai-vos dos falsos profetas que vêm ter convosco cobertos de peles de ovelha e que por dentro são lobos rapaces. Conhecê-los-eis pelos seus frutos. Podem colher-se uvas nos espinheiros ou figos nas sarças? Assim, toda árvore boa produz bons frutos e toda árvore má produz maus frutos. Uma árvore boa não pode produzir frutos maus e uma árvore má não pode produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Conhecê-la-eis, pois, pelos seus frutos (Mateus, 7:15 a 20.)
4) Tende cuidado para que alguém não vos seduza; porque muitos virão em meu nome, dizendo: “Eu sou o Cristo”, e seduzirão a muitos. Levantar-se-ão muitos falsos profetas que seduzirão a muitas pessoas; e porque abundará a iniquidade, a caridade de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até o fim se salvará. Então, se alguém vos disser: “O Cristo está aqui, ou está ali”, não acrediteis absolutamente; porquanto falsos cristos e falsos profetas se levantarão e farão grandes prodígios e coisas de espantar, ao ponto de seduzirem, se fosse possível, os próprios escolhidos (Mateus, 24:4, 5, 11 a 13, 23 e 24; Marcos, 13:5, 6, 21 e 22.)
5) Deve-se publicar tudo o que os Espíritos dizem? (Allan Kardec, RE, nov. 1859)
6) Antes de falar qualquer coisa, passe pelos três crivos, ou pelas três peneiras: se é bom, verdadeiro e útil (Atribuído a Sócrates).
7) Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos velhos provérbios. Não admitais, portanto, senão o que seja, aos vossos olhos, de manifesta evidência. Desde que uma opinião nova venha a ser expendida, por pouco que vos pareça duvidosa, fazei-a passar pelo crisol da razão e da lógica e rejeitai desassombradamente o que a razão e o bom senso reprovarem. Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea (Erasto. LM, cap. 20, it. 230).
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É natural nos questionarmos sobre qual deve ser nossa postura diante das informações possivelmente falsas.
Recomendável que o discernimento oriente nossas ações. Assim, oportuno lembrar que, perante as possíveis fake news, devemos:
a) ser cautelosos quanto a novidades e notícias bombásticas;
b) adotar a dúvida, como segurança informacional, sem julgamentos;
c) levantar rigorosamente a fonte da informação;
d) avaliar se o conteúdo é verdadeiro, bom, útil e pertinente; e
e) evitar retransmitir conteúdos duvidosos ou suspeitos por quaisquer meios nas redes sociais: Facebook, Twitter, WhatsApp, e-mail, textos, palestras, conversas, dentre outros.
Lembremo-nos que somos divulgadores, influenciamos e somos influenciados o tempo todo na vida. E, consequentemente, somos responsáveis pelos nossos pensamentos, palavras e ações onde estivermos e aonde formos.
Pensemos no bem! Falemos sobre o bem! Ajamos no bem! Assim, o mundo será melhor para todos nós.
Referências:
DEVE-SE publicar tudo o que dizem os Espíritos? Revista Espírita, nov. 1859. Disponível em: http://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/deve-se-publicar-tudo-quanto-dizem-os-espiritos/>. Acesso em: 14 dez. 2017.
KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 131. ed. 8. imp. (Ed. Histórica). Brasília: FEB, 2017. Cap. 21, it. 1-3.
_____. O livro dos médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 81. ed. 5. imp. Brasília: FEB, 2016. (Ed. Histórica). Cap. 20, it. 230.
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